QUEDA DE CABELO
Quando as antenas tão cheias de
significado, adornos valiosos, símbolos de poder, liberdade e vitalidade são
perdidas através da vil sintomática da queda de cabelos, deve-se pensar em
todos os temes citados acima. Além disso, somam-se a eles todas as situações
nas quais é preciso sacrificar algo [Haare larsen = deixar cabelos].
Caso se deixe de notar a necessidade de uma mudança anímico-espiritual, o
organismo é forçado a incorporar o tema substitutivamente. Como os cabelos são
apêndices da pele, neste contexto seria o caso de se pensar também no
simbolismo da muda, especialmente se queda de cabelos vem acompanhada da
formação de caspa. A serpente abandona sua pele velha quando está madura para
uma nova. Portanto, coloca-se a seguinte questão: Será que eu negligenciei
despir minha velha pele e permitir o crescimento de uma nova?
Expressões tais como "deixar
cabelos" ou "penas" [ver acima: Haare Iarsen] e
“sentir-se depenado" dão a entender que foi preciso pagar algo, ou seja,
fazer um sacrifício que não se queria fazer de livre e espontânea vontade. Não
se saiu ileso dessa situação, mas bastante depenado e vulnerável. Aqui
surge a questão: Onde e quando eu deixei de pagar, ou seja, de lazer o
sacrifício necessário?
A tarefa de aprendizado oculta
sob este aspecto da queda de cabelos é, conseqüentemente, livrar-se de maneira
consciente daquilo que é velho e que foi superado pelo tempo para abrir espaço
para o novo. Trata-se essencialmente de dar esse passo de maneira consciente,
para assim liberar o corpo da tarefa substitutiva de desprendimento. Além
disso, impõe-se a indicação de que muito pouco novo volta a crescer. A queda
total exige que se livre radicalmente, realmente até as raízes (dos cabelos),
dos velhos temas já superados.
A outra possibilidade é admitir
e aceitar a perda de liberdade que se instaurou. O corpo então tampouco irá
apresentar o tema novamente sobre o travesseiro a cada manhã. Quem entende que
sua liberdade consiste em fazer conscientemente e de livre e espontânea vontade
aquilo que deve ser feito não precisa temer por seus símbolos de liberdade.
Isso é especialmente importante em perdas de liberdade inevitáveis tais como,
por exemplo, o tornar-se adulto. Pacientes.que começam a perder cabelos já na
adolescência demonstram que não estão suficientemente conciliados com o fato de
tornar-se adultos. A careca precoce, portanto, mostra um rosto duplo. Por um
lado os afetados, externamente, parecem precocemente "envelhecidos”, já
que a careca é um sinal dos anos “maduros". Por outro lado, um olhar
treinado simbolicamente reconhece também a falta de cabelos do recém-nascido,
especialmente se em vez de voltarem a crescer novos cabelos, forma-se uma suave
pelugem A expressão "careca como a bunda de um bebê" traz à tona esse
duplo aspecto. Quando a careca já emite reflexos, a solução está então no
amadurecimento anímico-espiritual. Nunca é tarde demais para livrar-se da
pelugem da infância, ou seja, de redescobrir o próprio infantilismo em um nível
mais elevado.
Outras épocas típicas para a
queda de cabelos são o período que antecede o matrimônio, antes de assumir um
posto fixo, antes de uma nomeação, etc. Aqui deve-se pensar no mesmo principio:
não é a desistência consciente da liberdade e da independência que colocam em
perigo os adornos da cabeça masculina mas, em determinadas circunstâncias, a
inconsciência que a acompanha e a tentativa de não pagar pelas vantagens que
são reivindicadas. Quem se torna funcionário público com intenção e paixão e,
por isso, abdica de bom grado de determinadas liberdades, tem seus cabelos
seguros. Muito mais ameaçado esta quem se sente artista e sonha sonhos de alto
vôo mas, devido ao medo não admitido que sente diante da existência, entra para
o funcionalismo público. É preciso pagar por um tal passo em falso, por
exemplo, sendo simbolicamente depenado.
As mudanças no crescimento dos cabelos
durante a gravidez e após o nascimento iluminam o mesmo tema a partir de um
outro ponto de vista. Muitas mulheres obtêm um cabelo denso e vital durante a
gravidez, mas algumas voltam a perder esse acréscimo logo após o
nascimento. O aspecto do sacrifício é nítido no nascimento. Para presentear
uma criança com a vida a mulher precisa separar-se dela, e ela além disso
dá um presente, ou seja, ela dá algo de si mesma. Uma forte queda de cabelos
após o nascimento ocorre especialmente com mulheres que têm problemas com o
desempenho do papel de mãe e seu aspecto de sacrifício. Por um lado, elas levam
para a cabeça o sacrifício que não foi feito espontaneamente, e por outro elas
também vivem no corpo o aspecto de transformação que suas vidas devem sofrer
após o nascimento da criança.
Na queda de cabelos circular, a
chamada Alopecia areata, trata-se da mesma temática referindo-se a um
âmbito mais circunscrito. A tarefa aqui é descobrir esse âmbito restringido,
livrar-se de estruturas superadas e permitir que um novo impulso surja em seu
lugar.
Deve-se fazer uma distinção com a
queda dos cabelos masculinos naquele lugar típico que lembra a tonsura de um
monge. Será que se trata de aproximar-se do arquétipo do monge, que com a ajuda
da sua tonsura no lugar do chakra superior tenta sinalizar para o alto? Será
que há aqui um convite para fazer como o monge e livrar-se tendenciosamente do
mundo exterior para abrir-se mais para os mundos superiores?
As chamadas "entradas" dão a
entender algo semelhante ao conferir uma fronte de pensador e, assim, acentuar
o aspecto filosófico do homem. Neste caso também pode-se apenas presumir se
algo que foi negligenciado do ponto de vista anímico-espiritual é expresso no
plano corporal, ou se a fronte de pensador distingue o pensador.
Perguntas
1. Estou me punindo por algo, ou eu me deixo punir?
2. Estou sacrificando meus cabelos, sinal de meu poder e de minha
dignidade, em penitência? Em caso afirmativo, para quê?
3. Esqueci de pagar pela liberdade, dignidade e poder desfrutados?
4. Onde fiquei pendente de concepções de liberdade infantis e
imaturas?
5. Será que negligenciei desfazer-me de velhas estruturas de poder
já caducas?
6. Será que eu quis fazer perdurar por demasiado tempo estruturas de
dignidade e consideração já superadas?
7 Será que ao aferrar-me a velhas estruturas eu, sem perceber,
perdi a liberdade real, o verdadeiro poder e a correspondente dignidade?
8. Onde foi que eu deixei de permitir que novos impulsos e novas
energias fossem injetados em minha vida?
(Trecho retirado do livro "A Doença como Linguagem da
Alma" de Rüdger Dahlke.)
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